Defensoria Pública e Ministério Público pedem afastamento de agentes por agressões na Fundação Casa em São Bernardo do Campo

“Esta atuação faz parte do compromisso da Defensoria Pública de São Paulo enquanto instituição autônoma e comprometida com os valores do acesso à Justiça e dos Direitos Humanos”

Publicado em 10 de Dezembro de 2014 às 08:00 | Atualizado em 10 de Dezembro de 2014 às 08:00

A Defensoria Pública e o Ministério Público de São Paulo ingressaram no dia 4/12 com uma ação civil pública conjunta em que pedem o afastamento de 11 Agentes de apoio socioeducativo que atuam nas duas unidades da Fundação Casa em São Bernardo do Campo, acusados de praticar agressões contra adolescentes internados.
 
De acordo com a ação, desde janeiro de 2013 ocorrem agressões físicas e psicológicas contra os jovens, constatadas em inquérito civil que tramita na 14ª Promotoria de Justiça da Infância e Juventude da comarca.
 
Com relação à Unidade Casa II, as violências também foram relatadas à Defensoria Pública por meio de denúncias anônimas. Depois disso, 64 adolescentes da unidade foram ouvidos nos dias 11, 13 e 18 de novembro por uma equipe de Defensores Públicos, Assistente Social e Psicóloga da instituição.
 
Os adolescentes relataram terem sofrido agressões físicas, com socos, chutes e cabeçadas; ofensas verbais, ameaças de transferência para unidades distantes da Fundação Casa e ameaças de serem trancados no dormitório por longos períodos sem avaliação da Comissão de Avaliação Disciplinar (CAD) e sem participação nas atividades escolares.
 
Eles afirmaram que após as agressões são submetidos a ducha gelada por 30 minutos ou mais, para que não surjam sinais da violência sofrida ou para que hematomas e escoriações desapareçam. Os jovens relacionaram o início das agressões a uma rebelião ocorrida em 20/9, quando houve intenso conflito entre adolescentes e servidores e a fuga de 19 internos.
 
Já na Unidade Casa I, segundo apurou-se no inquérito civil que tramita no Ministério Público, um grupo de adolescentes teria se negado no dia 28/9 a cumprir regras disciplinares, levando agentes da unidade a agredi-los física – com tapas e socos no rosto, chutes, pisões na cabeça etc. – e psicologicamente.
 
Após denúncias sobre as agressões, Conselheiros Tutelares compareceram à unidade e constataram que sete adolescentes estavam feridos, sendo que um ainda sangrava na cabeça, e não haviam sido encaminhados para atendimento médico. No dia 29/9, o Conselho Tutelar e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente relataram o caso ao Ministério Público, que ouviu os jovens no dia 23/10.
 
O texto da ação é assinado pelos Defensores Públicos Marcelo Dayrell Vivas e Sergio André Weise Chinez, pela Promotora Vera Lúcia Acayaba de Toledo e pela Analista de Promotoria Vanessa Marques Galinari.
 
A ação foi ajuizada em face do Estado de São Paulo, da Fundação Casa e dos Agentes. As instituições pedem a concessão de medida liminar para o afastamento dos funcionários e a aplicação de multa caso a ordem judicial seja descumprida. Pedem, ainda, o pagamento aos adolescentes de indenização por danos morais.