Após mediação da Defensoria Pública, moradores de área ocupada da CPTM recebem apartamentos na zona sul da Capital
“Esta atuação faz parte do compromisso da Defensoria Pública de São Paulo enquanto instituição autônoma e comprometida com os valores do acesso à Justiça e dos Direitos Humanos”
Os Defensores Públicos Carolina Pannain e Paulo Fernando Alvarenga visitaram, no dia 7/12, o condomínio cujas unidades foram recentemente entregues às famílias que anteriormente ocupavam uma área pertencente à CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) na zona sul da capital. Construído em uma área de 42 mil m², o condomínio é agora a moradia de 184 famílias que anteriormente viviam em condições precárias à beira dos trilhos e que estavam ameaçadas de despejo por força de uma liminar de reintegração de posse. Parte das demais famílias foi para outro conjunto habitacional no Jabaquara e parte recebeu indenização pela desocupação.
A solução pacífica e de promoção do direito social à habitação foi possibilitada após a Defensoria Pública procurar a CPTM para uma tentativa de contornar o impasse de maneira amigável e extrajudicial. O processo ainda em curso conta com a participação da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) através de Convênio celebrado em dezembro de 2011, com aporte de R$ 48,9 milhões do Governo do Estado de São Paulo.
Após várias reuniões envolvendo Defensores, membros da CPTM e da CDHU, além de representantes das famílias, chegou-se ao acordo em que a estatal ferroviária se comprometeu a extinguir o processo judicial e prover moradia à população que ocupava o trecho desativado da linha 9 – Esmeralda, entre as estações Grajaú e Varginha, que será reutilizado para o tráfego de trens.
Os Defensores Carolina Pannain e Paulo Alvarenga destacaram a prática de atendimento transdisciplinar que foi adotada no caso, evitando ações judiciais e garantindo um resultado vantajoso para as famílias assistidas, que de moradias irregulares e precárias foram transferidas para unidades que garantem o direito à moradia digna. Além disso, ressaltam que a solução conciliatória evita o despejo mediante mandado judicial e o consequente risco do uso de violência e coerção durante a reintegração de posse.
Para Gilvan, um dos moradores, a mudança “é um sonho para muitas famílias que não tinham oportunidade de morar num ambiente familiar”. Kelly Crisitina, outra das novas condôminas, define a nova vida como “inacreditável”. “Na minha antiga casa, por exemplo, chovia mais dentro do que fora”, relembra sem saudade. “Aqui é uma qualidade de vida totalmente diferente da que eu vivia antes. A gente sempre se reúne pra conversar que, assim, agora é daqui pra melhor, é daqui pra cima”, completa.
Silvana, amiga de Kelly, pensa em melhorias não só para ela, mas para a comunidade. “Estamos trazendo cursos para as mulheres, já conseguimos levar pra aprender corte e costura, manicure. Quanto mais puder crescer, mais a gente vai lutar por isso, pra das oportunidade para que as pessoas cresçam.” Outra moradora, Ana Paula, além de uma moradia conquistou também um trabalho: é diarista no próprio condomínio, permitindo que ela tenha uma renda e fique perto da filha de 7 anos. “Ela brinca ali na pracinha do condomínio e quando chega a hora do meu intervalo eu levo ela pra escola.”