Comunidades Tradicionais

Defensoria Pública obtém suspensão de reintegração de posse contra o Quilombo do Carmo, em São Roque

Área é fundamental para a preservação da cultura, memória e identidade da comunidade, que segue praticando atividades tradicionais, argumentou defensor

Publicado em 16 de Junho de 2025 às 11:35 | Atualizado em 16 de Junho de 2025 às 11:35

Foto: Silvia Justa de Barros/Flickr

Foto: Silvia Justa de Barros/Flickr

Por Ana Clara Machado* 

A Defensoria Pública do Estado de SP, por meio de seu Núcleo Especializado de Promoção da Igualdade Racial e de Defesa dos Povos e Comunidades Tradicionais (Nupir), e a Defensoria Regional dos Direitos Humanos da Defensoria Pública da União (DPU) obtiveram a suspensão judicial da ordem de reintegração de posse contra o Quilombo do Carmo, no Município de São Roque. 

A decisão, proferida pela 2ª Vara Federal de Barueri, acolheu as manifestações das Defensorias e do Ministério Público Federal pela suspensão do processo até a conclusão do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), etapa administrativa de titulação do território quilombola responsável por caracterizar e delimitar a área tradicional. 

O pedido de reintegração de posse da área foi iniciado em 2017 por um suposto proprietário registral da área. Em janeiro de 2025, o Nupir passou a atuar formalmente no caso, após ser acionado pela própria comunidade, que havia recebido uma carta precatória informando sobre o prazo para apresentação de defesa.  

“A área é fundamental para a preservação da cultura, memória e identidade da comunidade, que segue praticando atividades tradicionais como o cultivo de hortaliças e organizações religiosas em torno da capela local. Portanto, a história do Quilombo do Carmo é um exemplo claro da luta por justiça social e reconhecimento histórico”, argumentou Eduardo Baker Valls Pereira, defensor público coordenador auxiliar do Nupir. “Essa narrativa não apenas legitima o direito à permanência da comunidade, mas também reforça a necessidade de garantir proteção contra novas tentativas de expropriação ou violação dos direitos dos quilombolas”. 

Além dessa demanda, o Núcleo também acompanha judicialmente o quilombo em uma ação envolvendo saneamento básico, ajuizada em 2023, e que atualmente está tramitando na Justiça Federal; e em iniciativas extrajudiciais para a garantia de políticas públicas, com o acesso aos equipamentos de assistência social e transporte público. 

 

*Sob supervisão de Wagner Machado