Taubaté: Defensoria Pública de SP obtém decisão que impede ingresso de novos presos em CDP até erradicação de epidemia de sarna
“Esta atuação faz parte do compromisso da Defensoria Pública de São Paulo enquanto instituição autônoma e comprometida com os valores do acesso à Justiça e dos Direitos Humanos”
A pedido da Defensoria Pública de SP, a Justiça proibiu no último dia 11/3 o ingresso de novos presos no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Taubaté (140km da Capital) até a erradicação do surto de escabiose que afeta o local.
A escabiose, popularmente chamada de sarna, é uma dermatose (doença de pele) causada por ácaro, que produz lesões na pele, pois o parasita se alimenta da queratina, proteína que constitui a camada superficial da pele. É altamente contagiosa e se prolifera mais facilmente em locais de má higiene. Não tratada, pode causar infecções secundárias.
A decisão da Juíza Corregedora dos Presídios local, Sueli Zeraik de Oliveira Armani, prevê multa diária de um salário mínimo em caso de descumprimento e determina também providências para garantir abastecimento de água contínuo, suficiente e de qualidade.
Os Defensores Públicos Caio Marcelo Dias da Silva e Ruy Freire Ribeiro Neto apontaram que relatórios de visitas ao estabelecimento prisional – feitas pela própria Juíza Corregedora e por membros do Conselho da Comunidade e da Vigilância Epidemiológica Municipal – constataram a existência do surto desde novembro de 2013. Foi apontada também a falta de atendimento médico, situação agravada pelo calor, superlotação e falta de água, fornecida apenas no período noturno.
Segundo relatório da Vigilância Epidemiológica, a epidemia atingia 85,72% dos quase 2.100 detentos, muitos com feridas infeccionadas.
A Defensoria fundamentou seu pedido em dispositivos da Constituição Federal, Lei de Execução Penal e Pacto San José da Costa Rica, que asseguram aos presos respeito à integridade física e moral. Também são citadas normas das Regras Mínimas para Tratamento de Reclusos da ONU e da SAP (Resolução nº 144/2010), que garantem tratamento médico às pessoas privadas de liberdade.